Em todos os campos da sociedade vivemos uma crise de liderança. A falta de liderança é causada pela profunda falta de confiança. Sou mineiro e dizem que mineiro é desconfiado, hoje todos estão se sentindo um pouco “mineiro”.
Ser líder implica em assumir riscos e que está disposto a se arriscar. Assumir riscos está implícito acertar ou errar, e errar parece ser um “pecado mortal” hoje em dia. Afinal todos são felizes e vitoriosos, ninguém comete erros, pelo menos no Facebook. Aliás, no Facebook só tem “likes”, ou você gosta ou nem comenta.
Qual o impacto da falta de liderança para se gerenciar a produção de uma indústria? Não me refiro ao cargo de líder que muitas empresas tem e cuja função é coordenar o que deve ser produzido. Me refiro a pessoas intimamente ligadas a produção e que precisam tomar decisões, assumir riscos e, muitas vezes, colocar o emprego em risco.
Certo, mas se ninguém se arrisca qual será o futuro da empresa? Pode ter certeza em algum momento, até por sobrevivência no mercado, alguém vai se arriscar e pode ser que tomar essa decisão depois será tarde demais.
Como tomar decisões arriscadas, mas com menos “risco”?
Resposta curta: Informação. Conhecimento.
Viver é arriscado e já que falei em mineiro vou citar um dos mais ilustres, ele disse:
“Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é que é o viver mesmo… Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa… O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
Esse texto é de Guimarães Rosa, mineiro da pequena Cordisburgo, cidade de dez mil habitantes no coração de Minas Gerais.
Fiz essa referência para levantar dois pontos que destaquei no texto. Viver é perigoso e o difícil é saber o que se quer. Como viver, administrar uma linha de produção é perigoso, mas é da vida, não tem outro caminho. A forma que o homem encontrou para sobrevier ao longo dos anos foi aumentar o conhecimento, a informação. Uma vez que se tem que tomar decisões arriscadas é fundamental ter conhecimento, o máximo possível, do que acontece na produção.
Em todos os momentos de necessidade, para que o risco seja menor, surge (ou no caso da indústria é definido pela direção) a figura do líder que deve ter o conhecimento necessário e está disposto a se arriscar. A falta de liderança leva a paralisação e a consequente morte por inanição. Estamos hoje nessa encruzilhada, ou se arrisca (correndo o risco de errar mas também, e principalmente, de acertar) ou muitas empresas darão lugar a outras mais “corajosas” que certamente surgirão.
Vivemos na era da informação e quanto mais informação for possível obter sobre a produção, os problemas, as necessidades, as dificuldades do pessoal de linha, mais fácil será se arriscar, o risco, necessariamente, será menor.