O começo é sempre mais difícil, já dizia o poeta. Qual? Não sei, mas algum deve ter dito. A Gestão da Produção foi e ainda é uma território escuro e sombrio, aliás, a própria produção é escura e sombria. Daria um bom filme de aventura.
Desde que Henry Ford criou o processo de linha de produção e padronizou as atividades, o chão de fábrica vem se ajustando a um ritmo frenético de produzir sempre mais. É preciso produzir sempre mais e mais rápido. O cliente define prazos cada vez mais apertados e todo mundo tem que se virar para atingir metas. Metas de produção.
O chão de fábrica virou uma caixa preta. Coisas são do estoque de matéria prima e outras coisas voltam para o estoque. Só que agora produtos acabados. Questões como: quando, quanto, como, porque, de que forma. Não se aplicam, tanto faz.
Por isso a implantação de um Sistema que permita monitorar e controlar o que está sendo produzido também não se aplicam, tanto faz. O importante e ter produtos no estoque.
Isso está mudando, aos poucos, mas está. Começa lentamente a se compreender que não há mais espaço para se produzir o máximo possível, pelo simples fator de que talvez não tenham consumidores para o que foi produzido.
A introdução de um conceito como Indústria 4.0 na Alemanha em 2012 é uma tentativa de se utilizar a tecnologia disponível para obter mais informações de quando, quanto, como, porque, de que forma se produz. Como tornar o processo mais racional, mais conectado com os interesses dos consumidores para que existam consumidores.
O início do processo de monitoramento e controle da produção utilizando tecnologia é mais uma questão psicológica do que de tecnologia. É possível iniciar aos poucos, com baixo custo. Mas o medo de errar adia a toma de decisão, imaginando qual o melhor caminho, o que devo fazer, e a conclusão (ou não conclusão) muitas vezes é não fazer nada.
A inércia de mais de cem anos de “modelo de negócio” do chão de fábrica trava as possibilidades de mudança e mudar é difícil mesmo. Alguns vão mudar, outros não. Quem sobreviver verá.