Sempre que surge uma nova tecnologia é difícil compreender de imediato o impacto que essa tecnologia terá no dia a dia das pessoas e isso é obvio. Não se tem ainda a dimensão se aquilo irá “vingar” ou é passageiro. Não fosse o Steve Jobs e os Palms (lembra deles) teriam desaparecido e estaríamos usando aparelhos celulares para fazer, somente, ligação telefônica, nada de smartphones.

No início dessa década o Brasil discutia qual o padrão de TV Digital iríamos adotar, venceu o padrão japonês que era o mais completo na época. Todos os canais estariam convertidos para o padrão digital até a Copa de 2014 (?). Bom, como você sabe a Copa de 2018 já acabou e, exceto a Rede Globo que parece ter convertido para TV Digital em todo o Brasil, as outras emissoras ainda estão em processo de mudança. Porém o uso de vídeo em stream (usando a internet como plataforma) está aumentando rápido e talvez nem tenhamos o uso em massa de TV Digital. Já é possível comprar TV por assinatura usando a internet como meio de comunicação.

Dos setores da economia o mais conservador é a indústria, as mudanças são lentas, em particular com relação a produção, o chão de fábrica. Isso faz todo o sentido, erros no chão de fábrica podem implicar em queda na produção e consequente prejuízo.

Estou colocando isso porque parece que está acontecendo algo semelhante com a Indústria 4.0. Está se criando uma expectativa de que estamos mesmo diante uma Revolução Industrial que acredito será, pelo menos em parte, frustrada.

E por que digo isso?

Estão colocando muitas tecnologias na mesma cesta. Big Data, Internet das Coisas, Computação nas Nuvens, Impressora 3D, Robôs Industriais (esse é o mais estranho porque já usamos robôs industriais há mais de 30 anos), e algumas ferramentas de software já em uso como CAD, CAE, etc. Está parecendo um “Posto Ipiranga”, tem de tudo lá.

Usando a analogia do Posto Ipiranga: vamos supor que a Industria 4.0 seja mesmo um “Posto Ipiranga” onde todas as tecnologias disponíveis e as que ainda não conhecemos serão, ou poderão, ser adotadas. Não é porque o posto oferece vários produtos e serviços que você vai comprar tudo. Você vai ao posto e escolhe o que está precisando, a vantagem aparente nesse caso é que o posto é tão eclético que tem de tudo. Pelo menos é isso que o pessoal de marketing da Ipiranga quer que acreditemos.

Dessa forma o que se deve fazer então em relação a indústria 4.0 é analisar o que interessa de todas as tecnologias oferecidas e adotar, com parcimônia, aquilo que interessa. E como saber o que interessa?

O principal foco, senão o único, da produção é o aumento da produtividade. Fez a análise com essa premissa e concluiu que a nova tecnologia aumenta a produtividade? Perfeito, então vale a pena investir. Não aumenta a produtividade? Então esqueça. Não é que uma determinada tecnologia seja boa ou ruim, simplesmente não é para você, para o seu chão de fábrica.

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