No artigo “O que é Kanban e porque não é para todo mundo? Por enquanto…” apresento a principal razão da dificuldade de implementação da técnica Kanban por qualquer tipo de empresa: a produção tem que ser puxada, ou seja, só se fabrica o que foi vendido. Na teoria é perfeito, na prática tem algumas complicações.
Durante a “greve dos caminhoneiros” alguns jornalistas especializados em ser… jornalistas fizeram críticas ao mode Just in Time ou JiT dizendo que num momento como esse de crise o fornecimento de produtos entre em colapso. Percebeu que eles são só jornalistas mesmo? O JiT é para balancear a produção e não para garantir fornecimento. É claro que se não há fornecimento de matéria prima não há produção, mas esse risco ocorre todo dia em uma produção que utiliza JiT e é gerenciado também no dia a dia.
Supondo que uma indústria tivesse comprado bastante matéria prima antes da paralisação do fornecimento, ele poderia produzir normalmente durante esse período, certo? Mas pra que? Pra quem? Tem demanda? É claro que não e por isso que a Toyota para a produção.
No wikipedia tem um texto sobre a definição de JiT que diz o seguinte sobre problemas com a filosofia:
“Um dos casos em que esta redução trouxe resultados negativos foi depois do terremoto que devastou o Japão em março de 2011, quando muitas indústrias ficaram sem fornecimento de matérias-primas por meses, afetando também a produção em outras fábricas ao redor do mundo. Os grandes fornecedores da montadora também compravam suas matérias-primas de poucos pequenos fornecedores, o que contribuiu para que toda a cadeia de suprimentos ficasse concentrada na dependência de poucas fábricas, agravando ainda mais o problema neste episódio do Japão.”
Interessante. Você está diante de uma tragédia das grandes e o mais importante é manter a produção da fábrica? Isso só faria sentido se a tragédia fosse recorrente; bom o que não seria mais tragédia se acontece sempre, talvez fosse o caso de não ter indústria nesse local.
Se você ler o artigo que eu cito no início verá que a ideia do Kanban surge quando os engenheiros da Toyota observam como funciona o fornecimento de frutas de em um quitanda. E por é assim? Simples, não dá para fazer estoque de frutas, ou é JiT ou é prejuízo. Aliás é fácil observar que o setor que sofreu imediatamente foi de frutas, verduras, leite, enfim produtos perecíveis simplesmente porque não existe outra opção.
Considerando que essa paralisação foi um evento eventual (será?) não faz sentido abandonar o JiT para que já conseguiu implementar. Vai fazer estoque esperando a próxima paralisação? Por isso é importante tomar cuidado quando “especialistas” que a ferramenta da comunicação de massa e dão opiniões sem embasamento.
O uso de Kaban ou JiT não é realmente para qualquer indústria, mas se estiver sendo utilizada não tem nenhum sentido abandonar quando acontece um evento eventual, a menos que não seja eventual.
Alguém aí sabe quando será a próxima?
” …Isso só faria sentido se a tragédia fosse recorrente; bom, o que não seria mais tragédia se acontece sempre, talvez fosse o caso de não ter indústria nesse local”.
Inteligente análise; alguns articulistas vêem a indústria como uma máquina sem cérebro. Tempo reduzido, necessidade de ocupar o espaço em branco do papel – e saem estas coisas. Menos mal; servem para consolidar os conceitos.