A quantidade de informações que temos hoje ao nosso dispor parece ser infinita, não é mesmo? Variação nas cotações da nossa moeda com as demais moedas internacionais, previsões do clima e do tempo, e o sobe e desce do preço da gasolina são alguns exemplos mais comuns presentes no nosso cotidiano.

No ambiente industrial e empresarial isto não é diferente. Inúmeras decisões são tomadas a todo o momento por todos seus colaboradores. Algumas eficazes, porém outras não. Para tomar decisões com eficácia sabemos que é mais que primordial a existência de indicadores de desempenho que transmitam informações confiáveis, correto?

Mas e se a fonte destas informações estiver com problemas? Já parou pra pensar o que fazer?

Vamos pensar assim: determinado operador usou um paquímetro para ler e registrar as dimensões de uma peça.

Até aí tudo bem, mas e as possibilidades de erro da transmissão da informação nesta simples tarefa? E se o paquímetro estivesse com a calibração fora da validade? E se o operador tivesse adotado um procedimento de inspeção incorreto? E se o ambiente em que ele executou a inspeção não fosse adequado? E se operador influenciou o resultado na hora de anotar o valor lido. E se?

Adotar métodos estatísticos para controlar o processo é de vital importância para manter a produção de produtos com qualidade estável, mas apenas se basear neste tipo de controle não é o recomendável.

Como vimos no exemplo, o resultado de uma medição pode variar principalmente sobre 4 aspectos: equipamento, procedimento, ambiente e executor. Aí vem a pergunta: então, como sei se realmente os valores de medição que os funcionários estão anotando de fato estão corretos?

O método utilizado para esta finalidade chama-se MSA.

Análise de Sistemas de Medição (MSA)

O MSA aborda determinados conceitos estatísticos que vão além dos benefícios de adoção somente de um plano de calibração de instrumentos, por exemplo. Como vimos no exemplo do paquímetro, não somente o equipamento, mas também outros 3 fatores (procedimento, ambiente e executor) podem interferir no resultado final.

Como seu próprio nome diz, este método estatístico é utilizado para analisar o sistema de medição com o objetivo de verificar e comprovar a validade dos dados gerados pelo processo. E isto inclui até mesmo o preenchimento dos resultados contemplados no OEE, assim como em qualquer outro KPI empregado na sua empresa.

Para ser realizada esta análise, um sistema de medição pode ser explorado sob 5 perspectivas: quanto a sua estabilidade, tendência, linearidade, repetitividade e reprodutibilidade.

Estabilidade

A estabilidade em geral tem como método adotar a mesma e única peça padrão para ser medida ao longo de um período de tempo pré-estabelecido. O objetivo da adoção deste método é conhecer o quanto é variável o processo através de cartas de controle que revelem sua variação ao longo do tempo. Sua abordagem permite comprovar a existência de variações indesejáveis – ou fora dos limites de controle – no processo, já que utiliza uma mesma peça durante todo o processo de medição.

Tendência

Este tipo de método é empregado para conhecer a diferença entre os resultados levantados pelo operador e os resultados levantados de antemão em laboratório. Para seguir com ele, é coletada uma amostra com uma ou mais peças que serão analisadas pelo laboratório de metrologia da companhia. Lá, os responsáveis pela adoção do método conhecerão o valor verdadeiro da média e da variabilidade desta amostra, ou seja, o valor de referência. Depois disto, esta amostra é entregue para que os respectivos operadores do processo anotem os resultados por eles identificados.

Portanto, ao final, os responsáveis conseguem conhecer a distância entre a média observada pelos operários e a média verdadeira conhecida em laboratório, descobrindo assim a exatidão do processo de medição em permanecer centralizado.

Linearidade

Este método tem como propósito validar o instrumento de medição para adoção em peças com diferentes características. Para isto, é coletada uma amostra com várias peças com diferentes requisitos ou dimensões, por exemplo, e com base em um valor de referência pré-estabelecido, as medições são realizadas várias vezes peça após peça com o uso deste instrumento.

Ao final do processo, é possível conhecer qual a performance do instrumento nas distintas características contempladas pela amostra. Ou seja, pode ser descoberto que este instrumento permanece válido e calibrado para peças com 20mm de comprimento, mas inválido para peças com 40mm de comprimento.

Repetitividade

Este, ao lado do método que veremos a seguir, talvez seja um dos mais simples e adotados justamente por isto. A repetitividade consiste em observar as medições de um operador perante uma mesma peça sem que ele saiba disto – a fim de não haver chances de influência no resultado, obviamente. Quando a variação dos resultados é satisfatória, ou seja, dentro dos limites de controle, tudo bem; agora quando a variação extrapola estes limites, os responsáveis conseguem comprovar que há variação no processo de medição, e assim, estudar quais ações tomar para reduzir esta variabilidade.

Reprodutibilidade

Enquanto que a repetitividade tem como principal fim observar o instrumento, a reprodutibilidade tem como função observar os operários. Ou seja, através da coleta de uma mesma peça, vários operadores são selecionados para anotar suas leituras. Este método informa aos responsáveis a variação no procedimento de medição adotado pelos funcionários da companhia. E ao lado da repetitividade, conhecido como estudo de R&R, pode ser facilmente adotado de modo que contemple boa parte dos principais fatores de variação de um processo de medição.

E resumindo, de nada adianta visualizar determinado indicador que mostre que seu processo é nota 10, você precisa saber também sobre o sistema de medição adotado que deu esta nota!

Até o próximo,

Vinícius Silva