diogo

Estava assistindo essa semana as conversas sobre a olimpíada no Rio e ouvi um comentário familiar:

“Ele abrilhantou um fracasso… mas o processo para ele chegar lá!… Eu não sei como ele conseguiu…”

Essas são as palavras do Diogo Silva, medalhista olímpico e atual comentarista da ESPN (Assista ao Vídeo).

Digo que esse comentário não é novo porque acontece o mesmo em várias áreas e o chão de fábrica é um celeiro de Super Heróis que “abrilhantam fracassos”, a gente nunca “sabe como ele conseguiu”, que fazem a produção acontecer mesmo que isso pareça um milagre. Os problemas que a gente viu na preparação dos atletlas para a Rio 2016 acontece todo dia, em todo lugar. Falta planejamento, falta processo, falta análise.

E vamu que vamu, skindô, skindô… No final dá certo porque os Super Heróis dão conta do recado, mas é um sufoco.

Se você já esteve na produção de alguma fábrica, o famoso chão de fábrica já deve ter passado próximo do Super Herói da Produção, mas pode não ter notado, ele estava disfarçado como todo super herói que se preze.

O grande problema é que a maioria das empresas tem grande dificuldade com o planejamento da produção e sem planejamento a tendência é que alguém tente assumir o controle e aí surge o Super Herói da Produção. Sabe como descobrir a identidade secreta do Super Herói da Produção? É fácil…

O Super Herói da Produção usa um telefone corporativo sempre ligado que toca a cada 5 minutos. Se for participar de uma reunião não tem mais do que 30 minutos ou acaba saindo logo no início. Não tem tempo para almoçar. Chega cedo, sai tarde.

Assim como nas histórias em quadrinhos, onde o Super Homem se esconde atrás de um óculos, não é tão difícil encontrar um Super Herói da Produção. Imagino que alguns vão se identificar com esse perfil. É bom ter um Herói da Produção por perto? Na realidade não.

Mas porque não é uma boa ideia ter um Herói da Produção ou até mesmo muitos heróis?

A necessidade de Heróis implica em falha no gerenciamento. Muitas vezes por desconhecimento a equipe de PCP (planejamento) não consegue planejar porque não tem informações que reflitam a realidade da produção: desempenho, máquinas paradas, qualidade do que está sendo produzido, etc. O pedido do cliente chega e é quase que transferido totalmente para a produção, não dá tempo de avaliar, a pressão é muito grande e as Ordens de Produção (OPs) são enviadas para produção na sequencia dos pedidos e é aí onde a bomba estoura.

Com um grande número de OPs os gestores começam a “bater cabeça” para tentar executar as OPs e com o tempo e a experiência alguns se tornam Super Heróis da Produção porque de outra forma nada seria produzido mesmo e a empresa já teria fechado as portas.

O grande problema é que o nosso Super Herói não é de aço (ou de ferro) e em algum momento a situação complica, porque sem ele a produção pode virar um caos, uma Gotham City.

Um sistema para gerenciar produção e avaliar o que está sendo executado (em tempo real) vai dar folga para o Herói, permitir ações antes que problemas aconteçam e principalmente, nesse caso, alimentar o PCP com informações reais de histórico da produção. Como, por exemplo, quanto tempo demorou para produzir as últimas OPs de um determinado produto. E aí o Planejamento pode utilizar essa informação para planejar as próximas OPs e se informar se alguma máquina necessária para a produção dessa OP está parada e quando volta a operação normal.

Enfim, se você conhece algum Super Herói da Produção fique atento. Isso quer dizer que existem problemas sérios na gestão da produção.

Será a nossa sina?!!