O que mais incomoda os gestores de produção são as paradas. Paradas significam prejuízos, atrasos, reclamações, enfim, problemas e discussões. Se tem muita parada os problemas e as discussões se tornam diários e a gestão da produção praticamente impossível.
Já falamos bastante de OEE em outros artigos, inclusive sobre paradas programadas, e temos até o e-Book OEE na Prática, mas fica sempre uma dúvida quando se pretende medir os índices de OEE na produção:
Afinal, as paradas planejadas (ou programadas) devem ser consideradas no cálculo do OEE?
As paradas programadas ou paradas planejadas ocorrem a todo momento em uma linha de produção, um exemplo simples é o horário do almoço, os operadores vão almoçar e na maioria das vezes desligam as máquinas ou a linha de produção.
Outra parada planejada muito comum é o Setup que normalmente ocorre no início da produção de um novo produto na linha ou máquina. O Setup é um tipo de parada planejada e o mais comum é confundir e tentar considerar como tempo de produção, só que não é o caso.
Todas as paradas planejadas, como o próprio nome diz, devem ter um tempo planejado, inclusive o Setup. Certo, mas e se esse planejamento for extrapolado? O tempo excedido deve ser contato como parada mesmo (não planejada) e aí sim afetará o OEE.
Outra coisa que ocorre é o tempo não planejado. O tempo não planejado é quando a máquina ou linha estão paradas porque não foi planejado nada para fazer. Em empresas que não tem 3 turnos isso ocorre todo dia, ou melhor, toda madrugada. As máquinas e linhas estão paradas porque nada foi planejado e isso pode ocorrer também durante a produção, algumas máquinas ou linhas podem ficar paradas porque nada foi planejado.
Do ponto de vista financeiro todas essas paradas são um desastre, uma máquina parada é prejuízo certo. E isso confunde a gestão da produção porque a execução é sempre com base no que foi planejado para ser produzido, se não foi planejado não tem nada para ser executado, ou seja, é prejuízo, mas para a gestão da produção ou para o cálculo do OEE não deve ser considerado.
Então temos, paradas planejadas (incluindo Setup da máquina) assim como tempo não planejado não entram no cálculo do OEE, mesmo que uma máquina parada represente um grande prejuízo para a empresa ela não afeta o OEE, porque OEE é um índice de produtividade que incluí disponibilidade, desempenho e qualidade e para termos esses valores é preciso que seja planejado que a máquina produza algum produto.
Concluindo, se não foi planejado produzir não tem como ser executado. Se não tem como ser executado não afeta o OEE. Os custos de máquina parada devem entrar no preço final do produto, afinal de contas o investimento na máquina foi feito para que se possa produzir, então do ponto de vista financeiro todos esses tempos de parada precisam ser contabilizados.
Olá Caique tudo bem?
Sempre foi ensinado que o Setup entraria nas paradas não planejadas, até porque se o setup é alto demais, temos como reduzir o tempo através das técnicas de TRF e desta maneira aumentar a Disponibilidade. E agora?
Olá Anderson, tudo bom com você?
Pois é, essa é uma das teorias que não se encaixam com a prática. No chão de fábrica com muito equipamento CNC o desempenho é praticamente contante por depender exclusivamente da máquina e nesse caso o Setup é o fator determinante e precisa ser analisado com mais cuidado. Se o Setup for uma parada não planejada o desempenho de uma máquina CNC será totalmente afetado por essa tarefa, imagine uma hora de Setup e considere que essa esse tempo é totalmente não planejado! Isso destrói o desempenho. A intenção é ter uma meta realista para o tempo de Setup e utilizar as técnicas de TRF para atingir essa meta planejada. Se não for assim o que acontece durante o Setup, os tempos envolvidos as TRFs ficam se um parâmetro de comparação, uma vez que é um acidente, uma parada não planejada.
Espero ter respondido a sua dúvida.
Abraços,
Caique.
Olá Caique, muito boa esta discussão!!
Mas veja o exemplo da foto acima, os mecânicos estão trocando o pneu e reabastecendo o carro em uma corrida, ao final teremos um tempo de setup (podendo ser planejado, ou seja, a cada “x” voltas, param para trocar os pneus e reabastecer) e este mesmo setup pode não ser planejado (o pneu pode ter estourado ou quebrado o aerofólio do carro e precisará ser trocado). O que eu quero dizer é o seguinte, o OEE do piloto Campeão foi porque ele terminou a corrida em primeiro lugar e consequentemente fez o menor tempo as voltas programadas para a corrida. Se o piloto que chegou em segundo lugar fez um tempo menor de setup ele não será vencedor, pois esse tempo menor de setup não será descontado do tempo total das voltas que ele fez. Por isso que considero o tempo de setup junto com a Disponibilidade, pois no momento que se reduz o tempo de setup aumenta a Disponibilidade, e melhora o OEE, independente se o setupe foi planejado ou não planejado.
Abraços
Anderson R. Pereira
Olá Anderson,
Na minha opinião acho que tem algumas coisas misturadas na sua análise, vamos lá:
1. Comparar dois carros seria o mesmo que comparar duas máquinas diferentes com tempos de setup planejado diferentes, por exemplo, uma ou duas paradas na corrida, ou ainda, os décimos de segundo se espera que seja feita a troca/reabastecimento são diferentes.
2.Concordo que o tempo de setup afeta a disponibilidade. Mas imagine que o setup foi planejado para meia hora e foi realizado em uma hora. Você considera que está tudo bem? E se demorasse três horas então? Para mim o tempo excedido a meia hora planejada implica em parada não planejada e esse tempo afetará a disponibilidade. A meia hora planejada não pode afetar a disponibilidade, afinal são necessários 30 minutos para realizar o setup, mas qualquer coisa além disso deve reduzir o OEE.
Concordo que essa discussão é ótima, porque gera uma série de problemas no dia a dia do chão de fábrica.
O que você acha das minhas colocações?
Abraços,
Caique.
Caique:
As suas colocações são pertinentes sim e concordo que um setup de três horas não está nada bem! Entendi suas colocações que me fizeram ter um entendimento melhor sobre a relação setup e OEE. Uma questão que considero pertinente é não aceitar um setup alto e tratar com uma parada planejada, aí é que está o “pulo do gato” é acharmos o tempo ideal de setup com o menor impacto na disponibilidade.
Obrigado pelo esclarecimento e ansioso pelos próximos artigos.
Anderson R. Pereira
Muito bom o artigo