A agro-indústria brasileira tem crescido sistematicamente e na produção de grãos tem quebrado recordes todos os anos. Tudo isso sem aumentar a área plantada. Produzindo mais com o menos custo. Existe uma distância cada vez maior entre a indústria de produtos manufaturados e a agro-indústria. Porque existe essa diferença tão grande em um setor e outro no Brasil? O que é possível aprender com a agro-indústria?
Isso mostra que não é um problema brasileiro a baixa produtividade e sim a forma como cada setor encara o mercado e a concorrência. A agro-indústria está exposta ao mercado internacional, os valores dos produtos são definidos em bolsa (principalmente as commodities, como soja, milho, carne bovina, etc).
Já a indústria de produtos manufaturados produz, na grande maioria, para o mercado interno e agora concorre internamente com os produtos importados, principalmente os chineses.
O que ocorreu nos últimos anos com a agro-indústria foi, que ao estar exporta a concorrencia internacional, teve que adotar práticas para um mercado consumidor mais competitivo e investir muito em aumento de produtividade para continuar viável.
(É claro que ainda temos os famosos problemas de infra-estrutura e em abril veremos novamente milhares de caminhões congestionando estradas.)
Mas o que a agro-indústria fez (e faz) que a a indústria não pode fazer?
Vamos analisar um exemplo:
Imagine que temos uma agro-indústria de engorda de bois e que queremos aumentar a produtividade de cada animal. Uma maneira seria selecionar os animais que mais ganham de peso para um mesmo consumo.
Podemos colocar uma balança de cada coxo e disponibilizar alimentação nos coxos ao longo do dia.
Cada animal receberia um chip (RFId para ser mais preciso). Assim que o animal começar a se alimentar um software identifica qual é o animal e registra o quanto ele comeu.
Se, ao iniciar o processo, pesarmos todos os animais ao final de um determinado período, por exemplo 3 meses, saberemos quanto cada animal consumiu e quando ganhou de peso.
Seria importante ter a informação em tempo real em um computador ligado a internet para poder acompanhar as avaliações.
Com essas informações podemos selecionar quais os animais são geneticamente mais aptos a ganhar peso. Se reproduzirmos mais animais com essa genética teremos maior produção de carne e um custo menor.
O que você acha? Isso é viável? Seria possível controlar 160 animais?
A resposta é sim e isso já está acontencendo no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais. Veja a matéria do Globo Rural clicando aqui.
Quando se fala em gestão da produção estamos falando em algo muito semelhante, sem informação da produção é impossível tomar decisões acertadas que permitam o aumento da produtividade e consequentemente do lucro.
Mesmo as indústrias produzindo para o mercado interno a concorrência externa está tomando espaço. Parece inevitável, ou a indústria de bens manufaturados adota a mesma estratégia da agro-indústria ou não terá, em pouco tempo, mercado para os seus produtos.
É uma simples questão de escolha. E de tempo…