canivete

No artigo da semana passada (para ler clique aqui) eu expliquei o índice OEE fazendo algumas analogias e o leitor do blog (hoje mais que leitor, quase um colaborador d’além mar) António Manuel Morgado de Sousa fez uma pergunta que respondi na área de cometários, mas que acho importante ampliar essa discussão:

O OEE pode ser utilizado em qualquer situação, em qualquer indústria?

O que você acha? Quando o OEE pode ser utilizado?

Como respondi ao Morgado, acredito que o OEE pode e deve ser utilizado basicamente por empresas de manufatura. Uma das razões que me levam a isso está baseado justamente na origem do índice,  a Toyota, uma indústria de manufatura, ou seja, processos repetitivos, com foco em produtos padronizados e uso intensivo de mão de obra ao longo de toda a cadeia de produção.

Se considerarmos a história da indústria desde a revolução industrial temos dois pontos importantes do ponto de vista de gestão da produção:

  1. A criação de Henry Ford da linha de produção e
  2. A criação da Toyota do modelo de produção enxuta (lean manufacturing) do qual o OEE é derivado.

Não por acaso duas empresas extremamente manufatureiras e do setor automobilístico e é claro que o que vale para um setor não necessariamente valerá para outros setores, principalmente para modelos de produção diferentes.

A colocação do Morgado é interessante e vou aproveitar o exemplo dele para aprofundar na análise. Várias empresas são da área ou possuem um setor de usinagem (maquinagem como é dito em Portugal) e atualmente esse setor é totalmente automatizado com máquinas CNC. A dúvida é: como seria utilizado o OEE em uma empresa de usinagem que faz poucas peças por lote e que produzem essas peças muito rápido?

A minha resposta é: não seria, pelo menos não completamente. Uma empresa de usinagem, na minha visão, é uma empresa de serviço que vende a “locação” de hora de operador e hora de máquina, incluindo aí o setup (ajuste) da máquina para fabricar o produto final. Apesar de a máquina CNC poder estar em uma manufatura tradicional, o fato de se ter uma usinagem com equipamentos CNC não implica em uma manufatura.

Nesse exemplo os tempos de setup e a disponibilidade da máquina (o primeiro índice que compõe o OEE) são informações mais importantes do que desempenho ou qualidade do produto final.

Se houver um problema de desempenho ou qualidade o que a empresa deve fazer? Normalmente entrar em contato com o fabricante da máquina, certo? No caso de problemas na máquina é quase impossível ter uma equipe de manutenção interna que possa fazer ajustes nesse tipo de máquina. A programação do CNC pode ser alterada, mas não corrige problemas na máquina. Se o problema for na ferramenta pode ser feita a troca da ferramenta e não a manutenção da máquina. Enfim, são máquinas que “produzem sozinhas”, o operador acompanha a produção.

Na resposta ao Morgado sugeri se não seria o caso de se criar um outro índice para tratar, por exemplo, de uma prestação de serviço industrial. Baseando nos princípios que nortearam o lean, ou seja, o foco na produtividade (em outras palavras “fazer mais com menos”) seria possível considerar os fatores que mais impactam na produção (tempo de setup em relação ao tempo programado e disponibilidade em relação ao tempo planejado de operação) e definir um índice que pudesse orientar os gestores na tomada de decisões.

O que você acha? Seria essa uma solução?