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O cálculo e uso o OEE gera uma série de dúvidas. É natural. É um índice que ainda nem todos estão familiarizados. E isso gera questões sobre como se calcula, mas, e principalmente, como deve ser utilizado.

Já fiz alguns artigos e até um e-Book sobre OEE para desvendar as fórmulas envolvidas. Nesse artigo vou fazer algumas analogias para mostrar o porque dos cálculos envolvidos no OEE, como deve ser utilizado e quais são as dificuldades relativas a esse índice. Vamos lá.

Vou começar com a analogia. Se eu disser que uma pessoa está com temperatura corporal de 37 °C, ou 38 °C, ou ainda 40 °C, você terá, para cada número desse, uma avaliação, ou seja, esses números dizem muito sobre a saúde dessa pessoa, apesar de os números serem bem próximos. É claro que a experiência ao longo da vida trouxe essa informação e é possível tomar decisões com base nesses números, certo?

Mas imagine que diga que a temperatura corporal dessa pessoa é 98,6 °F, ou 100,4 °F ou ainda 104 °F, você saberia tomar alguma decisão utilizando esse números? Pode ser. Talvez você tenha notado que utilizei os mesmos índices, porém utilizando a escala Fahrenheit.

Isso ocorre com qualquer número que represente alguma valor no mundo real. Até que se tenha a experiência de o que significa esse valor não é possível utilizá-lo de fato. É claro que o mesmo ocorre com o índice OEE e portanto vamos analisar a composição do índice.

O OEE mistura 3 índices que são totalmente diferentes entre si, ou seja, significam coisas diferentes no mundo real. Podemos fazer um paralelo com índices de inflação que mede preços de produtos e serviços totalmente diferentes para gerar um número que nos dá um norte, uma visão da situação econômica, principalmente em relação a situação monetária.

Do ponto de vista matemático a forma de se misturar valores diferentes é através do uso de percentual, ou seja calculamos o percentual e teremos então uma medida que represente um valor.

O primeiro índice é relativo a paradas, a máquina para muito ou para pouco. Em uma viagem você planeja parar par tomar um café, ir ao banheiro, etc. portanto essa parada não é, normalmente, considerada por você como uma perda de tempo de viagem. Porém se o carro estiver com problemas mecânicos e for necessário parar várias vezes durante a viagem essas paradas serão consideradas atrasos e perda de tempo, certo? É isso que queremos saber, a máquina para muito sem planejamento? A forma de saber isso é: quanto tempo ela ficou funcionando (tempo de viagem) dividido pelo tempo total planejado, um turno de oito horas, por exemplo. Esse número chamamos de disponibilidade, ou seja, o tempo que a máquina ficou disponível durante um turno no nosso exemplo.

O segundo índice se refere ao desempenho, o carro para pouco mas anda a 20 km por hora. Vai ser uma viagem complicada. Mas parar muito não afeta o desempenho? Não porque o desempenho é somente quando a máquina está funcionando, se está parada não tem desempenho e é por isso que levamos em conta esse valor na disponibilidade, concorda? É por isso que o desempenho é obtido através da quantidade peças produzidas de fato em um determinado tempo, por exemplo foram produzidas 50 peças em uma hora, divido pela quantidade de peças que se planejou produzir nesse tempo, por exemplo 60 peças, ou uma por minuto. Era pra fazer 60 fez 50, o desempenho não foi 100%.

O terceiro índice é a qualidade e eu considero o índice mais importante, porque de que adianta a máquina não parar, ter um desempenho 100% se tudo que ela produz é refugo. O refugo é um problema duplo porque além de gerar perdas de hora de operador e de máquina gera, na maioria dos casos, perda de matéria prima, gera lixo. No caso de qualidade queremos saber se o que foi fabricado tem qualidade ou não. Peças boas dividido pelo total de peças produzidas.

Como disse no início do artigo são valores diferentes mas relativos a mesma máquina. Então a intenção dos criadores do OEE era produzir um índice que englobasse todos os valores (daí o global da sigla, lembra? eficiência global da máquina) e a forma de se fazer isso é multiplicando os números (que variam entre 0 e 1 e portanto o resultado da multiplicação irá gerar um número menor do que cada parte) de tal forma que cada valor contribua com um valor resultante que indique a “saúde” da máquina ou da planta se fizermos a extrapolação para todas as máquinas.

Ok, entendi, é realmente simples. Mas onde está a complexidade?

O complexo, ou difícil, é a obtenção dos dados no mundo real. Assim como saber a temperatura de uma pessoa sem um termômetro seria. Teríamos que utilizar o tato e sentir o calor da pele e utilizar a memória para saber qual a sensação de temperatura, não dá para cravar o número. O mesmo ocorre para o OEE, tentar anotar, colocar em planilhas, etc. dá a sensação térmica da máquina e vai depender da experiência de quem está avaliando os números. Isso, é claro, se considerarmos que os números estão corretos, ou seja, se foram coletados corretamente.

Calcular não é difícil, difícil é ter os dados corretos em tempo hábil.

Imagine uma enfermeira antes da inversão do termômetro tentando descobrir a febre de cada paciente na enfermaria. É mais ou menos isso.