Gerenciar a produção é uma tarefa difícil, ainda mais em momentos de crise.
Gerenciar a produção, em momentos de crise, e sem informação eu diria que é uma atividade para “magos”.
Para qualquer tomada de decisão é fundamental que se tenha informação confiável. É por isso que a coleta dos dados da produção é tão importante. Você pode estar diante do gráfico mais bonito do mundo. E simplesmente ele não significa nada. Pior, pode ser que indique o caminho errado.
No artigo da semana passada falei do já conhecido (e pouco compreendido) índice OEE e de um menos conhecido, o índice AU (se você ainda não leu clique aqui). Esses índice são, reconhecidamente, muito importantes para a tomada de decisão; porém se não houver os dados corretos sobre o que está acontecendo no chão de fábrica esse índices não significam nada. Ou, como já disse, pode ser pior. Podem significar o caminho errado.
Nesse artigo vou apresentar os tipos de dados que podem, facilmente, ser coletados automaticamente e o que normalmente são informados pelo operador.
Vamos lá.
Como já disse, é fundamental que exista um meio de obter as informações da produção de forma automática, ou seja, sem necessitar que os operadores gerem as informações e ainda que essa coleta de dados seja em tempo real. Mas quais são informações que se podem ser (e devem ser) capturadas dessa forma?
- Ciclo de Máquina: É o tempo que a máquina ou linha leva para produzir um novo produto. Com um sensor na máquina ou na linha é possível obter esse valor a cada produto fabricado.
- Paradas: É possível obter o início e o fim de parada de máquina ou linha. Considere que a máquina ficou parada mais de 10% do tempo padrão, com essa informação é possível detectar o início parada de forma automática. Mas alto lá? Pode ser que a máquina não parou de fato, só diminuiu o ritmo, então temos nesse caso as micro paradas. Quando a máquina voltar a funcionar é detectado o fim da parada. Temos início e fim da parada.
- Micro Paradas: São paradas muito rápidas, alguns segundos, e que são imperceptíveis se não for monitorada automaticamente. Micro Paradas não caracterizam paradas, mas são na realidade queda no ritmo da produção. No caso do OEE não afetam a disponibilidade , mas sim o desempenho da produção.
- Quantidade produzida. Como contamos o ciclo de produção, temos o total produzido a qualquer momento.
- Refugo: É possível ler o sinal toda vez que um produto for refugado. Nesse caso a informação irá reduzir do total produzido o que foi refugado e temos então a quantidade de peças boas produzidas
Com esses dados é possível ter os 3 índices que compõem o OEE (ou o AU): Disponibilidade, Desempenho e Qualidade, e em tempo real.
Um erro que se comete é não considerar a importância do Tempo Padrão, também chamado de tempo ideal ou ainda de Ciclo de Máquina. O Tempo Padrão irá determinar se a produtividade está boa ou ruim. Definir valores de Tempo Padrão sem uma metodologia pode gerar índices de OEE acima de 100%, o que é bastante estranho mas acontece.
Caso não se tenha o Tempo Padrão próximo do real a própria coleta de dados automática (por exemplo, por um mês) permitirá que o próprio sistema forneça esse dado. Mais um ponto para a coleta automática.
Os dados que são difíceis (mas não impossíveis) de se obter de forma automática são, por exemplo:
- Sintoma da Parada
- Número da Ordem de Produção
- Operador(es) que está(ão) executando as atividades de produção
- Técnico(s) que está(ão) executando atividades de manutenção
Nesse caso será necessário que o operador ou o técnico forneça a informação digitando no coletor de dados ou lendo código de barras, mas nesse caso a máquina estará parada o que, em tese, não afeta a produtividade.
Lembre-se que a coleta de dados deve ser a parte mais importante sobre a avaliação de uma ferramenta para gestão da produção. Tenha sempre dados confiáveis e terá gráficos que além de bonitos, tem informação confiável.