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A mudança de cultura é a parte mais difícil em qualquer situação, nós seres humanos em geral somos refratários a mudanças, principalmente no que se refere a mudanças na forma de trabalho.

Como o lean manufacturing trata a questão da mudança de cultura? A boas práticas de lean necessitam que o pessoal de chão de fábrica esteja engajado nas mudanças, mas como convencer alguém a ser mais eficiente imaginando que o próprio emprego está em perigo?

Na realidade não é bem assim, ou melhor, o emprego de qualquer um está sempre em perigo. O fato de ser mais eficiente não implica necessariamente em demissões, apesar de que elas podem ocorrem. A questão é que no momento da crise, com uma produção enxuta ou não, as demissões ocorrerão, principalmente se a produção não for enxuta.

Com uma produção enxuta, entretanto, elas podem não ser necessárias. As variáveis e os mecanismos para momentos de baixa demanda já foram analisadas e se sabe o que fazer para reduzir custos sem a necessidade de demissões. Isso é um excelente argumento para apresentar aos operadores na hora do início da implantação do lean.

Como é possível mudar a cultura dos operadores no chão de fábrica para que sejam mais eficientes?

No e-Book “Lean Manufacturing – Teoria e Prática” faço a seguinte abordagem a respeito do que é cultura, em particular no chão de fábrica.

A definição técnica para cultura é:

Um conjunto de ações combinadas, pensamentos, crenças, regras e linguagem de um grupo qualquer de pessoas.

Mas pode também ser definido de uma forma mais simples como:

O jeito que fazemos as coisas por aqui.

Essa segunda definição além de mais simples traz um conjunto de informações que explicam porque a questão da cultura é, de longe, o aspecto mais difícil da gestão de uma planta lean.

Vamos analisar algumas dessas informações “embutidas” do ponto de vista da produção industrial:

  • Normalmente o jeito que fazemos aqui não foi definido por ninguém em particular, foi sendo construído aos poucos e por pessoas que nem fazem mais parte do grupo e portanto da cultura.

  • Esse jeito que fazemos aqui, quase sempre, não é documentado.

  • O jeito que fazemos aqui foi criado para beneficiar pessoas e não a empresa.

  • A empresa é refém do jeito que fazemos aqui.

  • Como toda questão cultural o jeito que fazemos aqui está enraizado nas pessoas do grupo.

  • No caso da produção sempre alguém terá algo a perder se for mudado o jeito que fazemos aqui e portanto existe uma predisposição contrária à mudança;

A cultura no chão de fábrica não é definida em benefício da empresa, mas em benefício de cada indivíduo que ao longo do tempo criou soluções para os problemas que surgiram. Note que isso não é necessariamente ruim, pode ser ou não.

A questão é saber se um jeito de fazer algo é benéfico ou não à produção, mas o mais importante para “trazer o pessoal pro nosso lado” é mostrar o quanto ser eficiente irá beneficiar não só a empresa mas principalmente o próprio operador. Mas como?

Alta produtividade e baixo custo é o objetivo, mas é possível chegar lá? Existe alguma forma segura de se fazer mudanças para atingir esse objetivo?No livre mercado os melhores funcionários são mais requisitados.  Operadores mais eficientes sempre terão mais facilidade de estar empregado do que operadores relapsos ou pouco eficientes. A indústria sempre irá preferir e remunerar melhor operadores mais eficientes. E ter experiência com boas práticas lean sempre abrirá portas.

É bom para a indústria e excelente para o empregado ser eficiente e trabalhar em uma produção enxuta. Pense nisso.